sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sempre dando tudo o que tinha e carregando em suas costas todo o peso do mundo. Desperdiçando todas as poucas lágrimas que conseguira derramar ao derrubar seu muro de imunidade que a separava de seus próprios sentimentos e expondo-se exatamente da maneira que menos desejara. Entregando-se cada vez mais e, em cada uma dessas, perdendo um pouco de si. E seu coração que ainda sangra pouco a pouco, insistindo em pulsar, faz com que continue voltando para o que deveria se afastar.
Eles a destroem involuntariamente. Mas o que fazer se é deles que ela precisa? Precisa ter, precisa se afastar... Eles a absorvem de forma lenta, gradativa e involuntária. O inimigo está em você, oh, Querida! Você não é ruim, você não é uma má pessoa. Você só se culpa demais por ser inteira. E isso não quer dizer que necessita ser morna, porque o completo é o correto – ou é tudo ou é nada. Mas a culpa é que lhe destrói, a culpa por ter medo de machucar alguém. E, enquanto isso, eles a derrubam pouco a pouco.
Sempre a ponto de quebrar, ela não aprendera exatamente como expelir o veneno e usar de sua malícia para se proteger. E sempre lhe doera não obter retorno, mas receber demais a amedrontara inúmeras vezes desde que o medo de perder outra vez começara a lhe perseguir. E sempre odiara – oh, como odeia – perder o controle.
Seus muros erguidos novamente são instáveis. As feridas não se cicatrizam e tudo segue como um vício. É como a morfina que lhe acalma momentaneamente, mas logo tudo recomeça como um ciclo. A agonia e a dor. E quando tudo começa a se repetir, o anestésico lhe alarma, porque o medo se faz presente ao saber que durará pouco...
Entretanto, minha querida, deve lembrar-se sempre de que é forte o suficiente. É capaz e não deve martirizar-se pela fraqueza de outrem. Deve valorizar-se e não temer por todas as lágrimas e feridas não cicatrizadas. Nada posso eu lhe prometer, mas existem tantos sentidos para certas coisas! Ah, você sabe – se sabe!- regeneração, ressurreição e tantas palavras de renascimento... Um dia... Um dia você olhará para as cicatrizes e poderá, enfim, dizer a si mesma que aprendeu a se dar valor. A culpa não é sua por sentir, minha pequena. O amor tem dessas coisas, a amizade tem do amor... Triste é indiferença. No final, tenso mesmo é não sentir nada.

Bárbara Gusmão http://bahgusmao.blogspot.com/ 

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